quinta-feira, 31 de julho de 2008

A Estrela


No meio de palavras perdidas, de frases, de sonhos, há uma estrela que é nossa. E nessa estrela estamos nós. Talvez nunca a encontremos. Talvez só tenhamos de olhar com um bocadinho mais de atenção. Talvez a confundamos com uma outra estrela, com milhares de outras estrelas, e passamos a vida a olhar para o céu sem nunca encontrar a certa.
Ou talvez não. E a maioria das pessoas, na ânsia de encontrar a sua estrela, a desenhe brilhante e perfeita no seu céu de papel e passado algum tempo acredite que é a sua estrela real, que tudo está encontrado. Mas com a chuva, o vento, o tempo... um dia a estrela rasga.
E aí, com a memória perdida de que fomos nós que a desenhámos, não procuramos mais a estrela verdadeira, porque passamos a acreditar que ela não existe.
Eu acredito. Vejo estrelas cadentes a passar, nenhuma fixa no meu céu. Mas são estrelas reais. Ou então sou eu a estrela cadente. Ainda assim acredito que, a cair de céu em céu, a deixar um rastro de luz em cada um deles, a estrela existe. Ou não.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Um Dia


Só te dou um dia.
Um daqueles dias em que o sol brilha mais forte. Daqueles dias em que os teus olhos brilham mais do que qualquer luz que os queira ofuscar. Em que acreditas que podes voar, e se pensares com força e fechares bem os olhos quase que consegues. Quero-te dar um dia que não tem fim, com cheiro de magia e terra molhada. Com música a sair-te pela boca, a entrar-te pelos ouvidos. Um daqueles dias com mil estrelas no céu a brilhar sobre ti. Daqueles dias em que um sorriso chega para fazer esquecer todas as desgraças e lágrimas e problemas. Daqueles dias em que queres abraçar o mundo porque ele nasce de dentro de ti. Daqueles dias em que és feliz simplesmente porque tens um dia e podes sê-lo. Por isso, pede-me algo eterno... e eu dou-te um dia.


O "para sempre" dura na eternidade dos momentos.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O Precipício


Ela costumava sentar-se na beira do precipício das recordações e sentir a vertigem dos gritos que dava em silêncio. Ela, que sentia no vento rumores dos sonhos que nunca teve. Que via no fim do espaço o início de toda a criação. Que queria o todo que nunca quis. Que sonhava que podia realizar tudo o que não queria sonhar. Que sabia da mentira de tudo o que era real. Que deixava marcas eternas em folhas queimadas.
Ela?...